Mudanças no modelo de pagamento
Especialistas defendem uma revisão dos modelos de remuneração de médicos e provedores de serviços de saúde. No Brasil, assim como nos Estados Unidos, eles costumam receber por procedimento realizado, o que incentiva exames e intervenções excessivas (veja quadro).
A Inglaterra, por exemplo, estabelece um teto máximo para o valor de tratamentos e procedimentos que se baseia nos anos de vida com qualidade que eles proporcionam às pessoas. Se o paciente teve sucesso no tratamento e qualidade de vida, o provedor da solução recebe o valor completo. Caso haja alguma intercorrência, existem critérios que preveem o reembolso parcial da terapia ou procedimento. “Temos de passar a remunerar médicos e prestadores de serviço por seus resultados”, diz Santos. “Para isso, precisamos tornar os indicadores de performance mais objetivos e criar métricas de sucesso para cada especialidade.”
Também é necessário pensar num modelo de mensalidade ou bonificação que incentive o usuário dos planos a cuidar melhor da sua saúde. “Por que quem faz exercícios e exames regulares tem que pagar o mesmo valor de quem fuma e não se exercita?”, questiona Stefani. Para ele, as operadoras poderiam se inspirar no modelo de seguro de carro, que dá desconto ao motorista que não tem multa e cobra mais do que tem mais chances de se envolver em acidentes. “Esse conjunto de medidas já traria um retorno considerável para a saúde financeira dos planos e o bem-estar dos pacientes.”
Gestão de custos
O que deu certo no Brasil e no mundo para melhorar o atendimento ao paciente e alterar comportamento para otimizar recursos na saúde.
Pagamento por pacote
A ciência comprova que uma dose única de radioterapia já é eficaz para reduzir dores em pacientes com metástases no osso e evitar excesso de radiação. Mas a maioria recebe dez. Estudo da UnB de 2017 passou a remunerar os serviços por um valor fixo. Antes da mudança, apenas 3% das pessoas receberam uma única dose. Quatro anos depois, foram 49%, o que diminiu 35% no custo por paciente.
Visitas para substituir o PS
Estudo da faculdade de medicina da Universidade do Texas mostrou que visitas de agentes comunitários de saúde e acompanha mento de pacientes podem reduzir custos com atendimentos desnecessários em emergências médicas em 4,4 bilhões de dólares por ano, o equivalente a 12 bilhões de reais.
Cuidados paliativos em casa
Para melhorar a qualidade dos últimos dias de vida de pacientes terminais, o estado de Ontario, no Canadá, implantou um programa de cuidados paliativos em casa. A iniciativa aumentou as mortes no lar e reduziu custos em cerca de 4.400 dólares (cerca de 12.000 reais) por paciente.
Fonte: Estadão.com.br |